29 de
Fevereiro. Um dia que só acontece de 4 em 4 anos e o nosso ontem foi surreal.
Terminámos o dia num baile de máscaras, de um Carnaval fora de tempo. Esta foi
a foto possível, nós, as três gerações em pose na rua antes de entrarmos para o
carro que nos levou ao salão de baile. Eu, a minha mãe e a minha filha. As três
da vida "airada" como diziam lá na terrinha que me viu crescer. Nós sempre
prontas para a festa. A enfermeira e a chinesa (ou seria japonesa?) dispensam
apresentações. Eu fui o repórter ávido por notícias daquele que é o assunto
mais falado da actualidade. O tal de coronavírus. Foi só uma brincadeira, nada
mais.
Mas antes,
ainda no começo do dia, fomos a um evento com um mês de antecedência. O dia 29
estava lá, só o mês que é seria outro. Um desencontro que acabou por ter a sua
piada e serviu de mote a um almoço familiar num restaurante com uma vista espectacular.
Foi a refeição certa escrita por linhas tortas. Não posso deixar de fazer
referência ao WC do sítio, que deve ter tido um designer com um sentido de humor peculiar. Sentada no trono
senti-me como na minha casa-de-banho quando estou no banho e entra lá alguém. Tem
daquelas portas que tapam mas não escondem grande coisa. Fez lembrar aqueles
sonhos que por vezes temos, em que queremos muito fazer um xixi mas toda a
gente nos vê.
No caminho
de volta demos com uns acasos para lá de transcendentes, surreais, impensáveis.
Parecia que estávamos no meio daqueles filmes de apanhados. Onde já se viu
levar uma carrada de ramos sem irem devidamente acondicionados e presos. Óbvio
que um deles veio parar à estrada e foi apanhado na parte de baixo de um carro
que também por ali transitava, enquanto uma motorizada tentava ganhar terreno
ao condutor descuidado, deixando à nossa frente um rasto de fumo. Mas
conseguiu. E a camioneta encostou à borda.
Mais à
frente, um condutor distraído ia com a bagageira escancarada. Foi a nossa vez
de o alertar para encostar e fechar aquilo antes que os pertences voassem de lá
para fora. Tudo ontem era distracção e tudo era escancarado. Portas
escancaradas. Intimidades escancaradas. Vidas escancaradas. Vidas postas a nu.
O universo ontem andou no mínimo estranho.
Modéstia à
parte, mas a criatividade de última hora ainda nos valeu o 3º prémio e que já
faz parte da garrafeira made maga rosa.
Para
terminar o dia, ou a noite, conseguimos chegar a tempo de recuperar a tampa da
objectiva que tinha esquecido horas antes no parapeito da janela. Estava lá no
cantinho atrás do gradeamento e por isso, ou porque ainda há gente honesta, não
vou precisar de encomendar uma nova.
Surrealismo
de um Mercúrio retrógrado no signo mais cabeça no ar de todos (Peixes), ou as
energias de um dia que só acontece uma vez a cada 4 anos? Talvez ambas.
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