fevereiro 26, 2020

A bruxa que há em mim




Carnaval para mim representa brincadeira, risos, criatividade e liberdade. A liberdade de podermos ser as personagens que nos apetecer sem sermos apelidados de loucos (se bem que isso nem me preocupa assim tanto).

Em retrospectiva, dou por mim a pensar que a fantasia que me encaixa na perfeição (para além de palhaça) é a de bruxa. E é aquela de que mais me mascarei até hoje. A bem ver, esta já está na minha essência só não uso as vestes típicas e o chapéu de bico no meu dia-a-dia.

Se ter uma intuição mais afinava é ser bruxa, então eu sou.
Se gostar das mezinhas que a natureza nos dá é ser bruxa, então eu sou.
Se procurar respostas nas cartas é ser bruxa, então eu sou.
Se ler o perfil astrológico das pessoas é ser bruxa, então eu sou.

Vendo bem, o ser bruxa está-me no ADN. Tenho uma mãe que é cartomante. À minha avó paterna, que não sei bem até onde iam os seus conhecimentos nestas artes, cheguei a ver, ainda eu era criança, aplicar ventosas nas costas da minha tia para lhe tirar dores. Isto foi uma coisa que sempre me suscitou curiosidade. Onde terá ela aprendido a técnica? Tendo em conta que era analfabeta… Nem o nome dela sabia escrever. E não eram uns copinhos quaisquer não senhor. Tinha as ventosas como devem ser, lembro-me muito bem. Também a vi a cortar o quebranto, ou lá o que era, num pau de figueira. Se isto não é ser bruxa, então não sei o que seja.

E depois havia a minha avó materna, que morreu jovem com um bebé no ventre e dizem que era santa, pela maneira de ser e porque o corpo se manteve intacto durante todos os anos em que permaneceu debaixo da terra. Às tantas cansaram-se de a manter enterrada e levaram-na sabe-se lá para onde, já que a terra a devolvia sempre como tinha sido lá posta. À minha mãe recusaram-se a dar explicações alegando não haver registo. Há quem diga que a levaram para uma igreja. Só perguntas sem resposta, mas de uma coisa tenho a certeza, havia ali qualquer coisa fora do comum naquela minha antepassada.

Numa leitura da aura foram-me descritas algumas vidas antes desta e era sempre alguém que fazia uso de mezinhas e da magia, ou com conhecimentos fora do tempo e do habitual. Pelos vistos, está-me no sangue e na alma.

Bem, vivêssemos nós há uns séculos atrás e eu a esta hora já estava na fogueira.






fevereiro 22, 2020

Céu em Fogo



Benditas ciclovias. Desde que foram construídas que se vêem cada vez mais pessoas a ganhar a prática de caminhar. Por aqui pelo menos é assim. Tem dias em que faço o caminho solitária, pela manhãzinha, hora boa para pôr os pensamentos em dia. Aqui e ali vou-me cruzando com outros caminhantes que passam a passo rápido, a pares ou a solo.

Mas é ao fim de tarde, há hora em que o marido faz o seu percurso e puxa pelos meus limites, que somos presenteados com um belo pôr-do-sol. No outro dia o Sol ofereceu-nos a mais bela das pinturas, um céu em fogo a adivinhar um dia seguinte bem quente e com uns efeitos especiais produzidos por umas nuvens passageiras.

Ontem não resisti e segui de máquina ao pescoço. Desta vez não queria perder a oportunidade de eternizar tão belo momento, mas fui traída. O céu só estava a meio fogo e foram-se os efeitos especiais.

Na próxima vez adianto os ponteiros do relógio para chegar a tempo e o céu que prepare as suas melhores vestes porque vou lá estar em primeira fila!





fevereiro 16, 2020

A testar a minha 35mm...




Ontem foi dia de renovar as energias por sítios bonitos e com a proximidade do mar. Com um marido músico há datas importantes que nos passam ao lado, e o dia dos namorados é uma delas. Mas, como todos os dias são bons para namorar é data menos data e sem stresses. Ontem para compensar, lá fomos nós mas levámos companhia. A minha mãe. Ela como meia Sagitariana que é (pelo lado do ascendente) pela-se por um bom passeio e à falta de namorado, leva-a a filha e o genro. Para a minha alma cigana todos os destinos são válidos, mas o mar é sempre uma boa escolha.

Sem planos, a paragem para o almoço foi ao acaso e a escolha não podia ter sido melhor. O destino levou-nos a entrar num restaurante na beira da estrada principal da pacata vila da Foz-do-Arelho. Dizem que os olhos também comem e os meus arregalaram-se com a beleza para lá da porta de entrada. Gostos são gostos e cada um tem os seus, mas que a decoração do espaço é toda a minha cara, lá isso é. Fiquei rendida, à comida, à decoração e à tranquilidade que se sente das portas para dentro. Nota 10.















De barriga e alma cheias lá fomos nós nas calmas, de carro, pela costa até à Nazaré onde comi o maior pastel de nata que já vi (mas que não fotografei). De caminho passámos pelo Sítio e pela Praia do Norte, mas com o Carnaval à porta, o dia ensolarado e as famosas ondas, não havia metro quadrado vazio de gente e de viaturas. Deu para ver o mar e alguns surfistas ao longe e tive que me conter nas fotos, que a minha pequenina não alcança assim tanto. Não se pode ter tudo. 







Para já e dentro das minhas limitações, estou satisfeita com a aquisição. Vou continuar a fazer experiências, mas já passou no teste. 

🙏


fevereiro 14, 2020

Era uma vez...



…Duas meninas que adoptaram uma avó e perdiam-se de amores pelas suas belas e longas histórias que começavam sempre por “era uma vez…” e terminavam, salvo raras excepções, só no dia seguinte. Era vê-las correrem à fonte de onde jorrava uma inesgotável riqueza de saberes, sem nunca ficarem saciadas. De lá saíam contos de fadas e de princesas que tanto se transformavam em cisnes, como noutra hora eram vítimas de reis implacáveis e fugiam por estradas que mudavam a olhos vistos. Ou então, eram leões presos com cabelos que se transformavam nas mais resistentes das correntes. Foram anos de histórias, lendas, palavras mágicas. Muitas palavras. Tantas que dariam para escrever uma colecção inteira, daquelas com muitos volumes.

Que pena que naquela época eu não soubesse ainda que um dia iria querer escrever aquelas histórias todas. E que pena que a memória seja tão selectiva e só tenha guardado partes soltas daqui e dali. Mais do que palavras, ficaram as sensações. E a gratidão.

Esta minha história da Alice pintada no hall dos quartos, é uma pequena homenagem àquela senhora, “a prima” como lhe chamávamos, que tão boas memórias me deixou e tanto me ensinou. Hoje, parte de mim, de quem sou, devo-o a ela e à sua passagem leve pela minha vida. Muito mais do que uma vizinha e uma prima muito afastada, foi uma avó, daquelas avós que têm uma paciência que nunca mais acaba, contam histórias e ensinam a bater claras em castelo.










































Há dias felizes e hoje foi um deles. Quem me conhece sabe que eu apesar de uma leiga na matéria sou fascinada por fotografia, mesmo que o meu equipamento se resumisse apenas à objectiva que veio no quit, daquelas bem básicas. Hoje, depois da coitada ter avariado e eu ter andado a namorar uma macro que acabei por mandar vir da net, o carteiro tocou à campainha e lá estava o meu belo presente de mim para mim. A loja não brinca em serviço! J

Que bela maneira de comemorar o S. Valentim. Não resisti e lá andei eu a experimentá-la na Alice… Amanhã é outro dia e há mais comemorações (e motivos para experimentar a lente também), porque dia dos namorados é quando nós quisermos.  



fevereiro 05, 2020

Capricórnio e a árvore da vida



E por último vem Capricórnio. O último nas publicações e nas pinturas, mas não na ordem zodiacal. Este foi aquele signo que andei a maturar antes de o tornar desenho e que acabou por sofrer algumas alterações. A ideia inicial colocava-o noutro lugar do meu céu, até que veio a correcção e deu-lhe destaque. Por esta altura já eu tinha aprimorado o traço e o pincel que me acompanhou do início ao fim, uma espécie de todo o terreno, estava mais fino do que nunca. Pobrezito, ficou quase careca e eu sem solução capilar que lhe valesse. Vá lá que antes do trabalho seguinte já tinha encontrado a fonte dos pincéis ideais (finos, macios e baratos) e o meu companheiro de luta pôde reformar-se.  


Queria tanto incluir uma árvore da vida nas minhas pinturas, que vi naquela bola grande o espaço perfeito.

A árvore da vida, além de simbolizar a vida nas suas diferentes fases, pode considerar-se um amuleto de protecção e de encorajamento. As raízes que se prendem à Terra (e ao passado) e dão estabilidade durante as tempestades. Os ramos que crescem em direcção ao céu na busca de luz (e conhecimento) e solução para as dificuldades (ramos emaranhados) e sucesso (que aqui eu quis acentuar ao pintar as folhas de dourado). Representa também a longevidade e a persistência. Tudo atributos de Saturno e Capricórnio. A minha árvore tem ainda as folhas em forma de coração para que não falte o amor.






Gratidão! 🙏

fevereiro 02, 2020

02.02.2020




Hoje temos uma forte energia de número 2. Há quem considere até que se trata de um portal para outras realidades (nem que sejam só energéticas). Além da repetição dos 02 ou 20, estes estão em espelho tornando a data ainda mais especial e um acontecimento raro.

Dois e zero. Que se repetem, repetem e repetem. É como um planeta em Astrologia quando volta atrás e de novo a directo, em que passa e repassa por outros planetas ou pontos num mapa natal. É uma energia que se torna mais forte. É a oportunidade extra para resolver algo. É a “água mole em pedra dura que tanto bate até que fura”.

No tarot a carta com o número 2 é a enigmática Papisa. Ela é a encarnação da sabedoria, da intuição e também da revelação quando é chegada a hora certa. Já o zero é a carta do Louco, que por vezes também tem a energia do 2. É o arcano 22 para uns e zero para outros. É multifacetado e tanto representa o início de um caminho, como um ponto de chegada. É tudo e é nada.

Em todos os arcanos menores do tarot, “o dois” representa a dualidade. Duas forças opostas que tanto se podem completar e gerar a força da união, como semear a dúvida e a inquietação.

Dois são os pólos, positivo e negativo. É o Yin e o Yang. Quando o DOIS deixa de ser uma luta de forças e se transforma num só, ele passa a vibrar numa frequência mais elevada, positiva, capaz de criar e gerar outras energias. E passa a ser equilíbrio e harmonia.

Para quem acredita em “sinais”, neste dia estejam ainda mais atentos aos sinais que o Universo nos vai enviando. Ele, através de pequenos acontecimentos terrenos vai-nos dando respostas e mostrando o caminho. Só é preciso acreditar!


                                                                     Créditos de imagem: Jordi Koalitic