Aqueles 6
ou 7 meses a viver numa roullote num parque de campismo, foram dos mais felizes
da minha vida e hoje ao recordar com o marido, acontecimentos e pessoas dessa
época, ocorreu-me que é por isso que me apetece tanto ser nómada…
Tínhamos
ambos 21 anos, o “sangue na guelra” como dizia o meu saudoso pai e um mundo
inteiro para conquistar. Ele vindo das ilhas, mas já com um rol imenso de
histórias vividas. Eu, criada na província com toda a liberdade própria desses
locais e a cabeça cheia de sonhos. Apaixonados. Ele, mesmo sem canudos, a subir
a pulso num organismo público (onde ainda se encontra passados 30 anos). Eu a
conquistar também o meu espaço no mercado de trabalho. Ele, à época, guarda do
referido parque. Eu, um pouco mais longe a fazer o curso para guardas da psp. Sem
medos e com toda a naturalidade típica da nossa geração, arriscámos num crédito
para comprar aquela que iria ser a nossa morada nos meses seguintes. Na bagagem
levámos pouca coisa. Também não tínhamos muito. Tínhamo-nos um ao outro e era
quanto bastava.
Do parque
de campismo fizemos a nossa casa e no nosso pequeno mundo couberam todos
aqueles que por ali passaram e deixaram marcas na nossa memória e no nosso
coração. Uns só de passagem, outros por uma temporada quase tão longa quanto a
nossa. Partilharam-se refeições, histórias, momentos em frente à nossa pequena
tv a preto e branco. Música. Acordes de viola. Lições de música. Ainda há quem
se lembre das nossas lutas corpo-a-corpo. Ele o judoca que era e eu a aplicar o
que aprendia com ele e nas aulas do curso.
Foi ali,
na roullote, que ele soube que ia ser pai. E foi tempo de começar a procurar
uma casa a sério…
Devem ser
estes peixinhos que tenho no ascendente que me dão este meu lado hippie e alma
de cigana. E esta vontade de pegar no marido e pormo-nos ao caminho…
Um dia ainda
vou. Ai se vou!
Mas desta
vez quero uma autocaravana! O que achas marido? ;)
Foto : Pinterest