Dizia-se
noutros tempos que filhos são cadilhos. Como aqueles xailes que se colocavam em
torno dos ombros ou à cintura, como adorno e forma de agasalho. Que envolviam
os corpos em jeito de abraço aconchegante e os cadilhos pendem e se prendem em
nós difíceis de desatar. Filhos são tudo isso. São cadilhos que se penduram em
nós. Que nos envolvem. Que nos abraçam. São uma extensão de nós.
Domingo
foi dia de televisão. Foi mais um dia de dança para a minha bela Helena. E foi
dia da família, em forma de excursão, assistir ao vivo. As tardes de Domingo,
ou de alguns, são minhas e dela. Ela dá o corpo ao manifesto, quer dizer, ao
palco e às Câmaras e eu cá à distância, colada ao ecrã (não da tv mas do
computador), vibro pela minha menina. Coisas de mãe. Por mais que os filhos
cresçam e ganhem asas, são sempre nossos.
A festa
fez-se relativamente perto daqui, na bonita e enigmática vila de Constância,
onde, dizem, Camões chegou a ter residência.