Foram os
anões strippers. Foi a subida ao inferno e a tempestade das areias do deserto.
E os desportos radicais. E o espírito da floresta. Só que não…
Foi uma
despedida de solteira bem zen!
Mas a
imaginação e as boas energias estiveram em alta. A caminhada que era para ser,
não foi, mas ainda bem porque o piso não estava para essas coisas. Bastou-nos o
pó que engolimos de e para o carro e a lama no para-brisas. A natureza tem
tanto de fantástica como de traiçoeira (muitas vezes pela mão do ser humano,
como é óbvio). E ali naquele cantinho encantado, as árvores falam connosco. A
mãe natureza acolhe-nos no seu ventre. A descida até à cascata fez-me sentir
isso mesmo, a ida ao ventre da mãe.
Começámos por
uma aula de ioga conduzida pela noiva, que terminou com uma ida ao futuro no
relaxamento. Um círculo de nove mulheres. O número não foi propositado, mas
calhou assim. Haverá número mais esotérico que este?! O ritual que se seguiu
levou a noiva numa travessia para a outra margem, para plantar a semente do
amor e de uma nova vida. Não é que ela não saiba já como é, mas que foi bonito
foi. E o simbolismo de todo e qualquer ritual tem sempre impacto. Nove mulheres
em comunhão com a natureza e umas com as outras. Não faltaram as fotos da
praxe, que aquele pedaço de paraíso quase virgem apela a isso. Houve a entrega
de pequenos objetos para dar sorte e o meu, pintado à véspera com o pouco que
ainda resta nesta casa, teve até o traço da pequena Benedita. Não há registos
fotográficos da obra mas foi feito com amor e carinho, para que as pedras que a
minha menina encontrar na sua caminhada se transformem em flores.
Por fim,
estas almas famintas e sedentas de comida e bebida, tiveram direito ao seu
picnic.
Para quem
ficou, a festa continuou até ao entardecer. Para quem subiu a falésia mais
cedo, arrependeu-se.
Lá em
baixo o paraíso. Cá em cima o inferno! Enquanto uma de nós ficou para trás a
abraçar as árvores, as outras pareciam sardinhas a assar na brasa (como diz uma
das meninas minha companheira de viagem). E a chave do carro que tinha ficado
para trás. E a poeira abrasadora que nos queria engolir. E as sombras que não
existiam. E o carro que ficou a aquecer ao sol. Cinquenta graus no mínimo.
Nunca um aparelho de ar condicionado foi tão desejado e levou tanto tempo para
funcionar. Já no fim da estrada de terra. E eu que abria e fechava a janela
numa tentativa vã de não sufocar, enquanto pelo canto do olho ia verificando se
as do banco traseiro ainda respiravam. Ainda bem que a minha querida condutora
não perdeu o sangue frio e nos tirou dali, sem nos mandar pela ribanceira
abaixo.