junho 27, 2018

A minha última criação





De vez em quando lá ando eu de volta das agulhas e da tesoura...Raramente sei como vai terminar, mas sei que a imaginação é o limite (e os dotes da modista, claro! Que isto não é um poço sem fim de onde o talento e a sabedoria brotam sem parar). Nem é a cartola do mágico (com pena minha!) donde sai tudo à vontade do freguês, sem esforço e perfeitinho. Ah, e o tempo, esse safado que me faz correr uma maratona inteira e ainda com saltos de obstáculos pelo meio antes de conseguir atingir a meta.

Desta vez os figurinos subiram ao palco e brilharam.

Tudo começou com uns simples bodies. Como duas cabeças pensam mais do que uma, havia sempre mais alguma coisa a acrescentar, ou a tirar (e parece-me que vão continuar em processo de alteração…). Folhos para dar movimento. O esvoaçar fica sempre bem em palco. E brilho. Felizmente (e ainda sem sabermos bem o que ia sair dali), encontrámos o tecido certo à primeira tentativa. Uma malha levezinha, cinza clara com fios brilhantes na trama. Para a dupla manga e folhos traseiros, um vaporoso tecido branco. Umas lantejoulas prateadas deram o remate final.


























































Vamos lá então ao processo propriamente dito…



(ou parte dele porque com a pressa esqueci-me de registar em fotos todos os passos)


















Como dá para perceber nas imagens, usei um molde que desenhei previamente, para fazer o folho da manga e que cortei em ambos os tecidos, mas deixando uma margem maior no branco. Quanto à manga original, cortei-a acima do cotovelo depois de pregados os folhos. Um dos lados do papel assenta sobre a dobra do tecido para que no final resulte num círculo. 






















Usei o mesmo processo dos moldes para cortar os folhos que preguei individualmente e ao alto na parte inferior detrás do bodie.

Quanto à parte da frente, sobrepus-lhe um tecido prateado igual ao das mangas. Deu brilho e tornou o corpo mais opaco. Preguei-o à mão em toda a volta, com pontos miúdos invisíveis.


Os papéis de publicidade que me metem na caixa do correio também têm a sua utilidade! :D



















Da oficina da maga,
com votos de boas inspirações!

junho 10, 2018

Dia de Portugal e de Camões






Neste dia dedicado a Portugal, às Comunidades Portuguesas e a Camões, nada mais adequado do que as palavras do poeta para homenagear os nossos antepassados e a língua que falamos e que está tão espalhada por este mundo fora.

Não foi ao acaso que escolhi este soneto, todo ele dedicado às deusas do Olimpo. E não é por acaso que as minhas filhas se chamam Diana e Helena. A mitologia sempre despertou em mim um enorme fascínio. A própria Astrologia tem uma ligação estreita com esse mundo fantástico e na sua base estão os 4 elementos enumerados por Camões. Ar, Fogo, Terra e Água.


A Vós Seu Resplendor Deu Sol e Lua

Pelos raros extremos que mostrou

Em sábia Palas, Vénus em formosa,
Diana em casta, Juno em animosa,
África, Europa e Ásia as adorou.

Aquele saber grande que juntou
Espírito e corpo em liga generosa,
Esta mundana máquina lustrosa
De só quatro elementos fabricou.

Mas fez maior milagre a natureza
Em vós, Senhoras, pondo em cada uma
O que por todas quatro repartiu.

A vós seu resplendor deu Sol e Lua:
A vós com viva luz, graça e pureza,
Ar, Fogo, Terra e Água vos serviu. 



- Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" -


Feliz dia de Portugal, para todos os portugueses de sangue, ou de coração e para todos aqueles que fazem deste rectângulo a sua terra, mesmo que só de passagem!

                                                                         Fonte da imagem: Pinterest