O dia de
hoje foi dedicado à cozinha e à comida. E lá foi preciso ir fazer mais umas
compras de supermercado… Impressiona-me a velocidade com que a comida
desaparece. Felizmente não precisamos de racionalizar os alimentos e dividir
uma sardinha por 5 como noutros tempos. Contava o meu pai que, ainda criança e
em consequência da 2ª guerra mundial (nasceu em 1940) a alimentação era escassa
e obtinha-se através de senhas. Só se podiam comprar as quantidades atribuídas de
acordo com o agregado familiar. Um dia ele destruiu as senhas e a sua família
ficou sem alimentos, que por si só já eram escassos e sem os benditos papelinhos,
passava-se fome a valer…
A Diana
fez bolachinhas de garfo e eu arroz-doce. Prometido é devido e desta é que foi.
Desde o aniversário (a 17) que estava em dívida para com ela. É vê-la a aviar
pratinhos de arroz-doce atrás de pratinhos, decorados com canela, em dias de
festas e nos outros que se sucedem (quando sobram).
Resgatei
um termo que aqui andava há quase 2 dezenas de anos, guardado nos fundos do armário
por falta de utilidade. Este era da sopa e hoje é já uma relíquia, mas nos dias
que correm vai dar um jeitão para a filhota Helena poder comer uma refeição
quente no local de trabalho, sem precisar de sair.
E por
último, mas mais importante, quero deixar uma palavra de gratidão aos bons
vizinhos. Hoje, tocaram-me à campainha e dei por mim a estranhar tal coisa. É
que já ninguém nos bate à porta. A rua é um deserto. Fora a música do senhor
meu marido, ou os filhos da vizinha do lado a jogarem à bola no quintal, só se
ouve o silêncio. E lá fui eu, hesitante, pé ante pé, como se do outro lado da
porta tivesse a peste negra prestes a saltar cá para dentro… Mas, só havia um
saco de favas. Favas acabadinhas de colher. Verdes como a esperança. O vizinho pousou
o saco à nossa porta, tocou à campainha e foi embora. São estas pequenas coisas
que nos enchem o coração (e neste caso, o estômago também)!
🍀
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