Hoje acordámos
com um enorme vendaval. Ventania que levou tudo pelos ares e trouxe-nos mais
alguma coisa com que nos entretermos. Era a roupa pendurada na corda a secar e que
voou. Foram as árvores que se despiram mais um pouco para nos dar o que varrer…
E acordámos fora de horas sem despertadores e nem compromissos para nos fazer
saltar da cama às pressas.
As filhas
já tinham ido cada uma para os seus respectivos postos de trabalho.
O pão faz
falta nas mesas e o dinheiro para pagar aos funcionários também. Reduziram-se
horários, limitam-se os produtos à venda e criam-se barreiras. É entrar e andar
(ou assim deveria ser). A filhota Helena é uma guerreira.
Noutra
linha da frente encontrava-se a filhota Diana. As escolas encerraram, as educadoras
podem trabalhar a partir de casa, mas há limpezas e desinfecções a fazer e isso
cabe às auxiliares. O quase marido, à laia de segurança protector, nem ficava
tranquilo se não a fosse levar e buscar. Pelo menos não andou de transportes
públicos. Menos mal. À saída passou pelo supermercado para trazer meia dúzia de
coisas que nos fazem falta. Comida.
Enquanto
isso, nós dois, o marido e eu, demos outra cara à arrecadação da oficina. Agora
sim, já dá gosto lá entrar.
Desde que
a Helena migrou do 1º andar para o sótão que os meus pertences vieram pousar em
cima da mesa de trabalho da oficina e em todos os cantinhos possíveis.
Desconfio que as mudanças têm o poder da multiplicação. Nem sei como é que
aquilo tudo cabia nas prateleiras lá de cima. Eu bem que tentei fazer de conta que
nada daquilo é real, que é só uma alucinação, ou uma ilusão de óptica, mas
sempre que corro a porta há uma montanha de livros prestes a escorregarem por
ali abaixo. E mealheiros, bibelôs, flores de papel…
Hoje armei-me
em super mulher e meti mãos à obra, mas perdi-me entre os livros e encontrei
algumas preciosidades, como o meu velhinho livro de português do 2º ano do
ciclo (actual 6ºano). Fiquei mesmo feliz.
🍀
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