Hoje
trago-vos uma das minha paixões, iniciada há uns 10 ou 11 anos durante o curso
de astrologia, com umas paragens e recomeços pelo meio. Há pelo menos 5 ou 6 anos que as
minhas papeladas andavam guardadas no alto de uma prateleira por dificuldade de
ir mais além. O arquivo mais perto e onde passei imensas horas entre livros e
registos antigos, parecia não ter mais nada para me dar. E senti-me numa
encruzilhada, à espera de possíveis deslocações para outras paragens… E não é
que agora descobri que posso ter tudo isso à distância de um clique? Ou de
imensos cliques.
Sinto-me
uma autêntica arqueóloga de pessoas, a escavar em terrenos mais ou menos
conhecidos e a decifrar hieróglifos escritos por vezes por mãos trémulas, ou a
tinta permanente. Ou nem tão permanente assim, que às vezes quase se ausentou
das folhas envelhecidas por centenas de anos de uso e de mofo. Ou apenas
borrões que pouco deixam adivinhar e que me levam a procurar mais ao lado, mais
à frente, mais atrás, até encontrar novas pistas que me ajudem a decifrá-los.
Ando a
escavar as minhas raízes em busca de mais umas folhas para a minha árvore. É tal
o frenesim, que fico horas e horas a fio de olhos postos no ecrã e a roubar
tempo a outras actividades tão ou mais urgentes. Tão ou mais importantes. É vício.
E é paixão. E é uns óculos aqui para a minha pessoa não tarda.
A cada
peça que encontro para o meu puzzle sinto-me mais próxima de saber de onde vim
e mais completa. O que para alguns é desperdício de tempo, para mim é ganho em
história das vidas que me antecederam e isso também conta. É a homenagem que
posso prestar àqueles que carrego no ADN e a melhor herança que deixo aos meus.
Quem somos e de onde viemos.
Este assento
de nascimento no ecrã do meu portátil é a minha mais recente conquista e pertence
a João António Evangelista, meu tetravô, nascido em 1805. Segundo consta na
folha, o avô dele já tinha este apelido, o mesmo que a minha mãe carrega (com
orgulho), aos dias de hoje. Nunca se perdeu e em cada geração, excepto nas duas
mais recentes, o meu antepassado sempre foi o filho mais velho e homem, pelo
que tem sido mais fácil para mim ir atrás de cada um deles. Até ver. Sempre
ouvi que vieram de Espanha, mas até agora todas pertencem a solo português. Dizem
que é a este ramo da minha árvore que mais fui buscar as feições. Falta
encontrar fotografias, coisa tão rara noutros tempos e aí sim, o legado ficava
completo.
💜
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