…Duas
meninas que adoptaram uma avó e perdiam-se de amores pelas suas belas e longas
histórias que começavam sempre por “era uma vez…” e terminavam, salvo raras
excepções, só no dia seguinte. Era vê-las correrem à fonte de onde jorrava uma
inesgotável riqueza de saberes, sem nunca ficarem saciadas. De lá saíam contos
de fadas e de princesas que tanto se transformavam em cisnes, como noutra hora
eram vítimas de reis implacáveis e fugiam por estradas que mudavam a olhos
vistos. Ou então, eram leões presos com cabelos que se transformavam nas mais
resistentes das correntes. Foram anos de histórias, lendas, palavras mágicas.
Muitas palavras. Tantas que dariam para escrever uma colecção inteira, daquelas
com muitos volumes.
Que pena
que naquela época eu não soubesse ainda que um dia iria querer escrever aquelas
histórias todas. E que pena que a memória seja tão selectiva e só tenha guardado
partes soltas daqui e dali. Mais do que palavras, ficaram as sensações. E a
gratidão.
Esta minha
história da Alice pintada no hall dos quartos, é uma pequena homenagem àquela
senhora, “a prima” como lhe chamávamos, que tão boas memórias me deixou e tanto
me ensinou. Hoje, parte de mim, de quem sou, devo-o a ela e à sua passagem leve
pela minha vida. Muito mais do que uma vizinha e uma prima muito afastada, foi
uma avó, daquelas avós que têm uma paciência que nunca mais acaba, contam
histórias e ensinam a bater claras em castelo.
Há dias
felizes e hoje foi um deles. Quem me conhece sabe que eu apesar de uma leiga na
matéria sou fascinada por fotografia, mesmo que o meu equipamento se resumisse
apenas à objectiva que veio no quit, daquelas bem básicas. Hoje, depois da
coitada ter avariado e eu ter andado a namorar uma macro que acabei por mandar
vir da net, o carteiro tocou à campainha e lá estava o meu belo presente de mim
para mim. A loja não brinca em serviço! J
Que bela
maneira de comemorar o S. Valentim. Não resisti e lá andei eu a experimentá-la
na Alice… Amanhã é outro dia e há mais comemorações (e motivos para experimentar
a lente também), porque dia dos namorados é quando nós quisermos.
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