dezembro 24, 2016

Velhoses de abóbora à mãe Rosa

Na minha família as Rosas não são aos molhos mas davam para formar um belo jardim. Um roseiral multicor. Rosas vermelhas, outras brancas, ou cor-de-rosa. Com mais ou menos espinhos, cada uma à sua maneira lá vai dignificando o nome daquela que é considerada a rainha das flores.


E é sobre a Rosa mãe, a minha, que hoje vos fala este “post”. O Natal da minha infância e adolescência tinha o cheiro das velhoses de abóbora e filhós que a minha mãe amassava e fritava no óleo quente ao lume, em dia de véspera. E o aroma da canela misturada no açúcar que eu polvilhava assim que doiradinhas saltavam cá para fora. Com o tempo, a chaminé grande deu lugar aos fritos no fogão. Eu passei a ter a minha própria cozinha sem fritos à lareira. E o ritual foi-se extinguindo, sobrando só meia dúzia de filhós que por vezes a mãe Rosa ainda se lembra de fazer para não deixar morrer a tradição.

E ontem, lá experimentei fazer os meus primeiros velhoses de abóbora, com os ingredientes ditados à pressa, dela e minha, num telefonema a correr. Mandou-me assim para o ar, o que ela via fazer à madrasta na meninice dela.

- Abóbora cozida e bem escorrida (que pode ser até de véspera para perder todo o líquido). Farinha e fermento (de padeiro ou do outro). Aguardente para dar aquele gostinho, não te esqueças. Ah, ela (a madrasta) metia uma pitada de açúcar também. E canela e erva-doce. Raspa e sumo de laranja. Um fio de azeite. Sal grosso, que antigamente não havia sal fino. O sumo e os ovos vão-se acrescentando porque é o que vai humedecer a massa.

E quantidades? Mãe, que quantidades?

- Olha, desenrasca-te! É a olho!

E nisto, já eu estava com um pé entre portas para ir fazer as compras para o jantar de Natal e ela, com ambas as mãos a fazer a mala para viajar. É o primeiro natal que não vamos estar à mesma mesa…

E entretanto lá fui fazer da minha cozinha um laboratório experimental…

Usei as quantidades que menciono em baixo e o resultado final não ficou mal, mas não teve nota máxima. Talvez um pouco mais de açúcar na massa (ou não!). Eu até gosto assim, porque o açúcar e a canela do polvilho compensam. E podiam ter ficado mais fofas. Menos farinha? Ou um pouco mais de líquido, para a massa não ficar tão densa? (ah, o fermento diluí-o em meio copo de água de cozer a abóbora). Deixei a massa a crescer num alguidar por cerca de 1h40, e quando já tinha quase duplicado de volume e apresentava um bonito arrendado, fritei às colheradas em óleo abundante.

Para a próxima corre melhor!

Ingredientes:
1200 gr de abóbora menina aos cubos
800 gr de farinha de trigo
15 gr de fermento de padeiro
4 laranjas (sumo e raspa)
6 ovos
1 cálice de aguardente
1 colher de sopa de azeite
1 colher de sobremesa de açúcar
1 pitada de sal
1 colher de chá de canela
1 colher de chá de erva-doce
Óleo para fritar
Açúcar e canela para polvilhar

Bom apetite e feliz Natal!


Sem comentários:

Enviar um comentário