Deslizo languidamente por entre
os lençóis rosa fofos, com o corpo a pedir descanso e no ar ouvem-se os
primeiros acordes de uma música vinda da mesinha de cabeceira do marido. Fico
antenada e os dedos dos pés contorcem-se numa dança frenética. Reggae! Ai
marido, marido…Como vou eu adormecer, se criei o hábito de anos de silêncio
absoluto e escuridão total?! Até te entendo marido, música é tudo de bom e faz um
bem danado ao corpo e à alma, mas para dormir??
À segunda música ele já dorme a
sono solto, pelo menos a julgar pela respiração. E eu entro num estado de
alucinação com palavras a dançarem à minha volta e por cima da minha cabeça. Se
é durante a noite que mais inspirada fico, desconfio, que até à última
faixa sai um livro completo.
Terceira música.
…e a dança continua.
Quarta música.
…”do you really want to hurt me”…lalala
…”do you really…” Este CD é uma caixinha de surpresas. À 1h da manhã a ser
teletransportada para plenos anos 80’. Como eu gostava do Boy George e dos
Culture Club… (uma pontinha de nostalgia a aproximar-se)
As palavras já ocupam o quarto
todo e mesmo de olhos fechados vejo-as vibrantes e eléctricas ali na minha
frente, a desfilarem num frenesim doido por todo o espaço. Não me posso
esquecer de amanhã (que é hoje) trazer papel e caneta para não as deixar fugir…
…e no meio do meu delírio ouço a
voz do marido: “pronto, por hoje já chega. Amanhã há mais!”
Boy George cala-se e ele
enlaça-me num abraço sem fim!
Photography by Geraldine Lamanna
Isso é que é uma alucinante forma de adormecer :)
ResponderEliminarÉ mesmo! eheheh ;)
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