Os dias
têm sido passados à mesa da oficina, com vista para o meu pedaço de verde, de
volta dos papéis onde vou rabiscando datas e dados que encontro nos arquivos
(agora online). Pouco a pouco vou montando o puzzle, até a árvore ficar
composta com todos os ramos e folhas possíveis. E as raízes que me dão chão e
me levam até quem sou. Têm sido muitas horas a escavar terrenos repletos de
grandes tesouros. Os arquivos distritais são terreno de grande riqueza
arqueológica humana. Muitos achados. Uma verdadeira aula de história. Têm sido
longas horas entre nascimentos, casamentos e mortes. Estas últimas deixam-me
sempre um pouco mais apreensiva. Faz parte. Com tantos pormenores em mãos,
chego a quase imaginar como eram, como viviam, como sentiam. É incrível como
tudo mudou tanto em 100 ou 200 anos. Nos primórdios dos idos anos 1800 a
esperança média de vida era bem baixa. Assentos de óbitos entre crianças e
adolescente então, nem se fala… Imensos. Tenho quase a impressão de que era
algo tão normal nesses tempos, que explica até certas atitudes que se tinham. A
enormidade de filhos, o descaso muitas vezes. Mal aprendiam a se desenrascar e
já tinham de se fazer à vida. E os viúvos aos 30 anos, então, nem se fala... Dois
e três e até mais casamentos em cada vida. E não eram consequência de
divórcios. Isso não existia. Era mesmo “até que a morte nos separe”.
Quem sabe
um dia junte todos os pedacinhos e crie uma história. A história dos meus. Um
livro é que era, mas isso já é pedir muito… Quem sabe, um dia…
Até lá,
vou deixando a imaginação pular de galho em galho, nas árvores que vejo daqui
da minha oficina.
💜
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