Há cinco
anos tínhamos nós uma trepadeira que só não invadiu os quintais vizinhos porque
não calhou. Ou porque nós não a deixámos esticar-se mais. O nosso quintal já
por si uma autêntica selva, ficou que nem cenário de filme do Tarzan, com aquelas
corriolas todas por ali a baloiçarem. Às vezes punha-me a espreitar através da
vidraça da janela da cozinha para ver a Chita, mas a única coisa que vi foram
as minhas gatas ou algum melro a voar de ramo para ramo e a saltitar no meio
dos canteiros à procura de alguma minhoca. Houve até momentos em que tive a
sensação de ouvir o famoso grito do galã, mas afinal era só o vento. Da
nespereira transformada em chuchuzeiro, resultou a modéstia quantia de 230
quilos e mais meia dúzia de chuchus. Ou seriam pimpinelas?
Este ano
demos permissão a um pezito para crescer, mas confinado a um daqueles canteiros
estreitinhos que o marido construiu com o tijolo de burro dos vizinhos. Mesmo
assim, entre ramos sobreviventes pendurados por cima do meu jardim das fadas e
alguns que se escapuliram e esconderam no meio da árvore grande, colhemos bem
uns 30 kg. Uns acabaram feitos em doce, outros repousam em metades no
congelador para as sopas e uns poucos esperam (mas não esquecidos) no saco. Se
me descuido, não tarda tenho uma selva dentro de casa, tal é a velocidade com que
aquilo grela e se desenvolve.
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