A Cinderela foi convidada para ir ao baile do
príncipe e para tal, quase à última da hora, mandou vir um modelito de um
daqueles sites de vendas online. Um vestido de renda, simples mas bonito e
elegante e que assentava que nem uma luva na modelo do catálogo. Chegou um
pouco depois da data prevista mas chegou. Pelo menos isso! Mas à Cinderela ia
dando uma coisinha má quando abriu a encomenda e lá de dentro saiu algo
parecido com uma combinação, completamente transparente e sem graça. Tinha
pedido um S e a julgar pelo tamanho, (porque etiqueta nem vê-la!), devia ser um
daqueles modelos tamanho único. Que pena não a ter fotografado vestida, no
“antes” da transformação, que assim poupava na descrição e ficava para memória
futura! Dentro dele, parecia uma criança quando veste um dos vestidos da mãe.
Largo, sem forma.
E lá veio a fada-mãe em seu auxílio, que mesmo com o
tempo contado de apenas dois dias e uma tendinite no braço direito e não sendo
uma costureira exímia se propôs fazer um milagre. Sim, porque era mesmo disso
que se tratava, de um milagre mas sem varinha de condão.
Dei corda à tesoura e às
agulhas, dissequei peça por peça o dito cujo. Compramos uns tecidos. Um bege
mais escuro para substituir o forro original e assim dar cor à renda de modo a
ficar a combinar com os sapatos e um outro no tom da renda e vaporoso. A partir
dali, foi confiar na sorte e na nossa imaginação. Mas sempre com o factor tempo
a puxar-nos as orelhas. Vá lá que ainda consegui mais umas horitas de bónus, o
que ajudou a que pudesse respirar um pouco de alívio, mas já na recta final.
Em tempos, cheguei a fazer
uns vestidos para uso próprio, mas sempre recorrendo a moldes, porque cortar a
"olho", sempre me fez sentir como se estivesse a andar no arame, mas
sem rede para amparar a queda. Nisso, a minha filha mais nova e a minha irmã
são muito parecidas, conseguem sempre fazer-me sair da minha zona de conforto,
e a meio da viagem já me estou a arrepender de ter embarcado nas aventuras
delas. Aventuras mas de alta-costura e comigo a ficar com a batata quente toda
só para mim! Acho que elas confiam demais nos meus dotes estilísticos e de
modista. Mas modas à parte, lá me vou desenrascando, nem sempre com o produto
final exactamente como idealizado, mas pelo menos, usável e de não fazer passar
vergonhas. Foi o caso do vestido de noiva do segundo casamento. Meteu-se-lhe na
cabeça que tinha que ser eu a fazê-lo e não descansou enquanto não me
convenceu. E lá está, esse foi mesmo um salto sem rede! Muito "suei"
de volta daqueles metros de tecido e à última da hora ainda estávamos a afinar
uns pormenores. Foram casar à praia, numa cerimónia simples e familiar e o vestido
combinou bem com o momento, mas mesmo que assim não fosse, foi especial, foi
feito pela mana mais velha.
O vestido podia ser grande em largura, mas pecava
por falta de comprimento e ao transformá-lo numa peça justa, subia ainda mais.
Aquilo que idealizámos ao comprar os tecidos, e que era para ser uma cauda, ou uma segunda saia até aos
pés, leve e esvoaçante, acabou por ficar reduzida a uma faixa na parte de baixo
da saia e a um cinto.
Calores e stresses à parte,
chegou a hora da Cinderela descer e já com o Coche lá fora à espera, não houve
muito tempo para grandes fotos, pelo que foi sem flash mesmo!
Moral da história: por
vezes as aparências enganam e nem tudo o que se vê na internet é o que parece!
Mas digam lá se os meus
meninos não estavam lindos?! Aliás, seja lá com que trapinhos, eles são sempre
lindos! :D
E lá foram eles, que nem estrelas de Hollywood em
noite de óscares! ;)
(Um baile de finalistas é sempre
uma ocasião importante, um momento histórico, na vida dos jovens!) :)
A Cinderela acabou por ficar lindíssima :)
ResponderEliminarhttp://semprelaurinha.blogspot.pt/
Obrigada! :)
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