Há quem
defenda que o mais importante é a tradição e há quem aproveite todas as
oportunidades para se divertir, mesmo que se trate de “estrangeirices”. Eu sou
de opinião que se pode ter e viver as duas. Pode-se brincar ao Halloween no 31
e no dia seguinte pegar na saquinha e ir de porta em porta pedir o pão por
Deus. Uma não invalida a outra. (A juntar a estas duas datas há ainda o dia de
finados, que se vive no dia 2 de Novembro visitando e enfeitando com flores as
campas dos entes queridos já falecidos).
Pessoalmente,
vivi uma infância em que era pelo Carnaval vestidos com o que tínhamos em casa
mas disfarçados o melhor que conseguíamos, que íamos de casa em casa, pregando
uns sustos e de saco na mão à espera de retornar a casa com ele cheio de
guloseimas e com alguma sorte, algumas moedas também. Foi assim uma espécie de
3 em 1. Carnaval, Halloween e Pão por Deus. Conta a minha mãe, que ainda jovem
adulta mas já mãe aqui desta que vos escreve, de ir pregar uns sustos aos
vizinhos já noite serrada mas em dias de Carnaval, com uma abóbora esvaziada do
seu miolo, uns buracos como olhos e uma vela acesa lá dentro. Não é isto típico
da famosa noite das bruxas?
Há quem
diga que o que se vive cá nesta data, nos dias de hoje, não é nosso e sim
influência do estrangeiro. Há quem escreva até que não passam de americanices.
Pode até ser. Mas, não fará lembrar também Samhain, a festa pagã dos Celtas
para celebrar o fim do verão, início do Inverno e a época das colheitas? E não
corre nas nossas veias também algumas gotas do sangue do povo Celta? Foi-me
ensinado nas aulas de história na escola primário (e eu lembro-me bem disso),
que antes éramos os Iberos e fomos invadimos sucessivamente por outros povos,
de outras regiões, incluindo os Celtas e daí passarmos a ser chamados de
Celtiberos. Não é de estranhar que tenhamos adquirido alguns hábitos e costumes
de quem veio e por cá ficou, seja há muitos ou poucos séculos atrás, ou seja
nos dias de hoje. E isto inclui alguns costumes pagãos dos Celtas. Eu sei que nós portugueses somos feitos de muitas partes e é isso que faz de nós quem somos, tão
diferentes entre nós, mas únicos. Tão hospitaleiros e sempre curiosos e abertos
ao que é novo e externo a nós.
Eu aceito
a diversidade, e tudo o que venha para nos tornar mais “ricos” em experiências
e melhores pessoas, é bem-vindo!
Este
ano, mais uma vez fez-se a festa cá em casa, com muitos jogos, diversão e
risos. A cada ano é sempre especial, mas o mais importante mesmo, é o convívio.
Desta vez não restaram muitas fotos e trago-vos as possíveis. É o que há, mas
os bons momentos passados, esses já ninguém nos tira. São essas as recordações
que ficam e que levamos pela vida fora.
Ainda não
são muitas as crianças que aparecem por aqui a reivindicar os costumes, mas lá
vão aparecendo. No 31, veio um grupo de crianças pela tarde. À noite, bem tarde
por sinal, vieram uns a rondar o começo da adolescência. Na manhã do dia 1 foi
a vez de dois rapazinhos tocarem à campainha a pediram o pão por Deus. Há tempo
para todos e doces também. Não foi muito, mas a taça dos bombons que havia em
cima da mesa deu um jeitão.
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