Esta é a
mesa! Aquela mesa que acolhe várias famílias inteiras mas que no dia-a-dia a
nossa família se acomoda e aconchega só numa ponta, como se não houvesse mais
espaço. É o tamanho da toalha de mesa de outrora. A mesa cresceu mas as toalhas
não. Qualquer dia a maga faz uma magia e o tecido cresce, mas agora até tem
mais piada assim. Ficamos mais juntinhos e sempre podemos ir variando onde
estender a toalha. Nos intervalos ela fica despida aos nossos olhares e não há
cá toalhas de plástico a interpor-se. Gosto de passar a mão e sentir o toque da
madeira aveludada pela camada de cera de abelha. De vez em quando lá reclamo
dos riscos e dos descuidos, mas é a vida. Gosto de ter um lar e não um museu.
Dantes as
conversas (e as refeições), faziam-se à volta da mesa redonda. Aquela que nos
colocava tão próximos, tão frente a frente e ainda sobrava espaço de chão para
dançar. E que bailes! Às vezes o salão transformava-se em discoteca com
luzinhas e tudo (o que vale é que temos os melhores vizinhos.) J Em dias
de festa, por vezes, resgatava-se também a mesa comprida da oficina e ali
ficava muitas vezes até à próxima celebração. Não tanto pela preguiça, mas mais
pelo prolongar da sensação de festejar. Os habitantes mais novos diziam que
ficava tão bem uma mesa grande. E eu que nem sou de sofás, nas sessões de
cinema ficava em segunda fila, na plateia. Tinha ali uma localização
estratégica na ponta daquela mesa onde o meu portátil encaixava tão bem e eu
rentabilizava o tempo. Curioso, agora que temos a mesa grande não me sento lá
com o computador. Vá-se lá saber porquê!?
O marido começou
logo a materializar a ideia da mesa grande e como não é de meias medidas
mandou-se para os 3 metros e 60 centímetros. Eu ainda resisti pela dificuldade
de despego das mesas redondas, mas só metade de mim votou contra, pelo que ela
veio mesmo. É em madeira maciça, pinho americano (dizem que mais leve que o
nacional, mas um peso bruto a meu ver na mesma e mais macia.) Formada por 4 tábuas a todo o comprido que os carpinteiros muito bem uniram. A base é
formada por dois pés de máquinas de costura iguais à que já tínhamos na
anterior. Essa era condição. Lá andámos nós a procurar por toda a internet
(ainda bem que existe) e fomos a Lx buscá-las. O restante trabalho ficou por
minha conta e risco. Lixar, pintar e tornar a lixar… Pintei o tampo em branco
que lixei parcialmente até se verem alguns veios da madeira. Terminei com duas
camadas de cera e por fim passei um pano seco para dar lustro. Estive quase,
quase, a deixá-lo como um livro, cheio de frases escritas, mas terminou como uma
folha em branco.
Aqui ainda sem acabamento. |
Aquela
trave acrescentámos nós e para dar maior segurança e apoio ao tão comprido
tampo, depois de muitas voltas à mente e ao ambiente à nossa volta, o marido
achou (literalmente), um cabide grande de pé que cortámos em pedaços e usámos
para fazer o tal reforço. Para completar a obra, escrevi uma frase de cada um
dos lados. Tinha de ser. Não foi em cima, foi em baixo.
Há lá
coisa melhor que uma mesa cheia com a família e amigos à sua volta, a
partilharem histórias?!
Adoro! A mesa é objecto sagrado. Reúne pessoas queridas, oferece alimento, por anos e mesmo gerações. A nossa já vai na 4â geração, cada marca e mancha é a nossa história.
ResponderEliminarÉ isso mesmo que eu penso, Fernanda. A mesa é muito mais que uma simples peça da mobília, ela é sagrada. Por isso a minha dificuldade em desfazer-me da anterior, porque eu gosto imenso de mesas redondas, mas também pela simbologia. Não vinha de outras gerações, mas mandámo-la fazer a seguir a construir esta casa, ou seja, no início do século, pelo que praticamente as minhas filhas cresceram à volta dela. Ainda pensámos pô-la à venda, mas partiu-se-me o coração. Afinal vai ficar para a casa da minha filha que ela tem em vista, o que me deixa muito feliz. :)
EliminarBeijinhos