Este foi
um verdadeiro ensaio, uma vez que comecei sem um plano ou fim idealizado. A
única coisa que sabia é que teria de ser um projecto a custo zero. Esta arca
foi deixada para trás, entre outros pertences, por uma família que cruzou
fronteiras em busca de outros horizontes e tinha como destino o lixo. Teve como
ponto de passagem a minha casa e decidi resgatá-la. Os estragos eram visíveis,
mas o trabalhado da madeira cativou-me, pelo que decidi dar-lhe uma nova oportunidade.
Tinha um pé arrancado (e eu ao pregá-lo, quase que lhe arranquei outro), muitos
orifícios provocados pelo bicho da madeira, estragos feitos pela humidade e
mais uma série de senãos. É caso para dizer que tinha ali um bico d’obra. O
marido achava ser um caso perdido e não valia o esforço. A filha teve voto
neutro, porque dizia sim aos desenhos engraçados do exterior, mas não aos
estragos e velhice do móvel. Como resultou num empate, de 1 contra 1, assumi o
compromisso de forma solitária e com a promessa de usar só os materiais já cá
existentes.
E como há
sempre um antes e um depois…
E um
durante…
…com algumas experiências
goradas. E mais camadas de tinta e outras tantas lixadelas. E
misturas de cores para dar novos tons. Ensaio que se
preze, dá margem ao erro e a experiências novas. É
uma tela sempre em renovação
nas mãos do criador.
…Mas o que
eu gosto mesmo é dos detalhes! O todo deixou-me satisfeita, ganhei uma peça
decorativa ao estilo Boho Chic. Mas,
é nos pormenores que está a graça.
A cereja
em cima do bolo…(neste caso, é mais dentro). O alegre interior em
cor-de-laranja (amarelo-torrado para alguns), para dar vida e alegrar a vista sempre que levanto a tampa.
Missão
cumprida!
Menos um
móvel deitado no lixo e eu ganhei uma bonita peça decorativa e útil. Uma arca
para guardar aquelas roupas que já não usamos mais e esperam por novas
oportunidades. E tudo sem gastar dinheiro, porque as tintas foram as sobras de outros
trabalhos e os poucos materiais utilizados já os tinha.
Se
ficou perfeita? Não! Mas é nas imperfeições que está o segredo que torna uma
peça única e especial.
Crédito das fotografias: maga rosa
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