março 31, 2020

Quarentena - dia 18




O dia de hoje foi dedicado à cozinha e à comida. E lá foi preciso ir fazer mais umas compras de supermercado… Impressiona-me a velocidade com que a comida desaparece. Felizmente não precisamos de racionalizar os alimentos e dividir uma sardinha por 5 como noutros tempos. Contava o meu pai que, ainda criança e em consequência da 2ª guerra mundial (nasceu em 1940) a alimentação era escassa e obtinha-se através de senhas. Só se podiam comprar as quantidades atribuídas de acordo com o agregado familiar. Um dia ele destruiu as senhas e a sua família ficou sem alimentos, que por si só já eram escassos e sem os benditos papelinhos, passava-se fome a valer…

A Diana fez bolachinhas de garfo e eu arroz-doce. Prometido é devido e desta é que foi. Desde o aniversário (a 17) que estava em dívida para com ela. É vê-la a aviar pratinhos de arroz-doce atrás de pratinhos, decorados com canela, em dias de festas e nos outros que se sucedem (quando sobram). 



Resgatei um termo que aqui andava há quase 2 dezenas de anos, guardado nos fundos do armário por falta de utilidade. Este era da sopa e hoje é já uma relíquia, mas nos dias que correm vai dar um jeitão para a filhota Helena poder comer uma refeição quente no local de trabalho, sem precisar de sair.  



E por último, mas mais importante, quero deixar uma palavra de gratidão aos bons vizinhos. Hoje, tocaram-me à campainha e dei por mim a estranhar tal coisa. É que já ninguém nos bate à porta. A rua é um deserto. Fora a música do senhor meu marido, ou os filhos da vizinha do lado a jogarem à bola no quintal, só se ouve o silêncio. E lá fui eu, hesitante, pé ante pé, como se do outro lado da porta tivesse a peste negra prestes a saltar cá para dentro… Mas, só havia um saco de favas. Favas acabadinhas de colher. Verdes como a esperança. O vizinho pousou o saco à nossa porta, tocou à campainha e foi embora. São estas pequenas coisas que nos enchem o coração (e neste caso, o estômago também)! 



🍀

Quarentena - dia 17














Neste 2º dia da 3ª semana de afastamento social, ocupei o meu tempo sobretudo a sonhar. Sim, a sonhar com as formas do novo desenho que vou pintar brevemente e que será a continuação de uma história já existente aqui nos nossos aposentos…




Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.


Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.



Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.


Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonho
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

(António Gedeão)


🍀

março 29, 2020

Quarentena - dia 16




Hoje foi dia dos cinco em casa. Não houve espaço para grandes aventuras, mas deu para aproveitar a fase de quarto crescente da Lua para cortar as pontas do cabelo da Helena, que é mais uma das Rapunzéis cá da casa. E a Milka também ganhou tratamento igual, mas desta vez pela tesoura da dona. Não estamos em tempo de salões de beleza e sim numa fase do “faça-você-mesmo”. Não há máquina e nem curso e aquele pêlo todo dá cá uma trabalheira, mas assim ficou bem mais leve. O despontado e as falhas fazem parte, a Milka não se importa.

Não é nada que eu não faça a mim mesma. Há uns 7 ou 8 anos que as cabeleireiras não me metem as mãos em cima e nem é preciso haver crise. O que vale é que o meu tem ondinhas e mesmo que fique torto nem se nota. E eu tenho pleno controlo do que vai fora e ainda poupo uns euros. J


Na foto parece torto, mas ficou mais direito do que aquilo que se vê. Helena, não te fies na aparência da foto! ehehehe

🍀


Quarentena - dia 15




Hoje foi um dia dedicado à reformulação ou (re)organização dos espaços aqui na casa. Há os que têm de sair para trabalhar e existem os outros (ou seja, nós, o casal progenitor) e que optámos por um isolamento voluntário. E houve necessidade de separar as áreas e de uma organização inteligente de modo a minimizar os riscos que vêm do exterior. Não é fácil. Nada é fácil numa situação como esta onde o inimigo só tem a visibilidade de um microscópio. Dividimos as casas-de-banho. A da entrada fica para o pessoal mais novo, que assim quando passa para cá, já vem lavadinho. A nossa é a do piso de cima. Cada qual com a sua.

Nunca mais entrou calçado de rua cá dentro. Fica à entrada. Essa é uma medida de extrema importância. Dizem que o vírus vilão é pesado pelo que se mantém pouco tempo no ar e cai, acabando por vir agarrado às solas. E existem ainda aqueles que gostam de cuspir para o chão. Todo o cuidado é pouco.

# Fique em casa! (saia só para o estritamente necessário, e olhe que é muito menos do que pensa!)

🍀

março 28, 2020

Quarentena - dia 14




Gosto do número 14 e do 4 também. Significados à parte, são números que sempre andaram de mãos dadas comigo em momentos importantes. Hoje é o 14º dia de isolamento voluntário aqui no meu pequeno mundo. O 4 está muito ligado à estabilidade e dando uma olhadela rápida ao mapa astrológico do momento, temos a Lua e Vénus em Touro. Mais estabilidade. Para mim, é um vislumbre de esperança. Queiram os deuses que a tal curva estabilize e comece a virar no sentido oposto.

Vamos todos enviar boas energias para o universo e pedir para que interceda por nós. Que ele nos ouça e nos alivie a carga e torne a caminhada mais leve. É que a lição está a ser dura…


Estas rosas da foto são especiais. Foi o genro, sempre amoroso, que as trouxe, uma para cada uma das três mulheres aqui da casa. Já lá vão 20 dias desde o dia da mulher e ainda aqui estão a colorir e embelezar a nossa casa e os nossos dias. Os caules estão cheios de vida com os seus rebentos verdes (que vou tentar que ganhem raízes e transpor para a terra no quintal). Hoje vão para todos aqueles que passarem aqui por este cantinho da maga. Bem hajam  e sintam-se em casa!

🍀

março 26, 2020

Quarentena - dia 13





Se fosse escrever sobre o dia de hoje teria de falar no pesadelo que me acordou a meio da noite com uma taquicardia, da dor de cabeça que persistiu pelo dia todo, das burocracias e das muitas pesquisas e leituras para tentar entender as leis, que neste momento estão muito confusas… Do outro lado da linha telefónica só se ouvem vozes baixas, arrastadas, que deixam adivinhar um encolher de ombros perante a incapacidade de dar uma resposta assertiva tal é o caos…

Mas, prefiro deixar-vos com um poema de esperança escrito pelo grande Mário Quintana, poeta brasileiro.

Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…


“Viver é acalentar sonhos e esperanças,
Fazendo da fé a nossa inspiração maior.
É buscar nas pequenas coisas,
Um grande motivo para ser feliz!”
- Mario Quintana -

🍀


 (Foto do meu arquivo pessoal, tirada durante uma viagem a Inglaterra.)



março 25, 2020

Quarentena - dia 12





Uma dúzia de dias a contar os restantes, sem saber quantos mais são. Uma dúzia de dias impensáveis. Há uns tempos se me dissessem que iríamos ficar reféns de um vírus, que o mundo inteiro iria parar, ia achar que andavam a ver filmes a mais. E cá estamos, reféns em casa, à espera que o inimigo passe e não repare em nós. Ou será que somos todos prisioneiros em prisão domiciliária a espiar cada um de nós os seus pecados pessoais e universais? Cada um a purgar o que tem de pior, para sairmos desta experiência pessoas melhores, mais conscientes, mais humanas, mais próximas…

E hoje cá por casa, este dia de afastamento social serviu para nos aproximarmos um bocadinho mais, uns dos outros. Houve um momento dedicado à reflexão, recheado de bons petiscos. Não foi uma mesa redonda, mas deu para uma boa conversa. Os chef´s de serviço foram a Diana e o João.

E para rematar a noite, ainda houve poncha (do Chef Amaro) para matar o bicho.



🍀



março 24, 2020

Quarentena - dia 11





Hoje foi dia de ir às compras, o que requer toda uma logística e um tratamento quase cirúrgico. Não sei como é nas outras casas, mas aqui na nossa não entra nada sem uma inspecção minuciosa na “zona suja” da casa, como se de um laboratório se tratasse. Então, é um trabalho a 4 mãos. A filha chega com os sacos do supermercado e eu já munida de alguidares espero-a junto ao primeiro metro de corredor da entrada. Ela rasga as embalagens de fora, sejam de plástico ou de cartão e eu, sem lhes tocar extraio o que lá está dentro. Ovos, cenouras, cápsulas de café (eu não aprecio mas há quem não passe sem o dito líquido), cogumelos, salsa, coentros e sei lá mais o quê. Vou trazendo para a mesa das refeições e a cada vez que volto ao ponto inicial lá vai mais uma lavadela de mãos. (não tarda estou sem pele). Os legumes avulso são também colocados em alguidares e que posteriormente meto de molho numa solução de água e vinagre por 10 minutos. Passo-os por água limpa, seco-os e só então passam para a gaveta do frigorífico. Outras embalagens que não dê para esvaziar, como é o caso do gel de banho ou de frascos, ficam na zona de quarentena por uns dias até que lhes mexamos. Só de loucos! Mas se é para ter cuidado, então que façamos as coisas como deve ser.

Se o vírus cá entrar de certeza que não será por descuido ou com convite!

🍀

março 23, 2020

Quarentena - dia 10






Hoje deu-me para isto. Para remexer no passado, ou nos antepassados. Fui buscar o dossier dos registos de nascimento que “pesquei” durante manhãs ou tardes inteiras no arquivo de Santarém. Tenho os papéis até 1862, daqueles que pertencem a este arquivo. Isto começou em 2008, com o curso de astrologia. Apanhei-lhe o gosto e durante anos pesquisei, e pesquisei… Sempre que encontrava o registo daqueles que me deram a genética, eu ficava eufórica e “bebia” cada palavra (muitas vezes hieróglifos) com tal paixão que quase os via materializarem-se na minha frente. O saber ler os mapas astrológicos também ajudava e agradecia por se lembrarem de lá terem escrito as horas, se é que as sabiam mesmo. Quero acreditar que sim e que não trapacearam o padre da época (que era quem fazia o registo de nascimento de há 100 anos para trás). Às vezes até no dia se enganavam, quanto mais na hora, mas quero acreditar que os meus não. Que é mesmo aquilo que vem nas fotocópias que me deram. E sou tão agradecida!

A certa altura empanquei. Não havia mais nada. Ou eram anos desaparecidos num incêndio e lá se foi a trisavó. Ou era o nome da bisavó que não coincidia com as filhas do pai delas. Ou então nasceram fora do meu alcance, espalhados por várias partes do país. E ir a Évora, Portalegre, Coimbra, Viseu e mais uns quantos não me pareceu assim tão viável… Ou a Torre do Tombo que foi ficando sempre para depois.

Hoje dei por mim a remexer no puzzle e na impossibilidade de sair de casa, comecei a pesquisar no Google. Acho que tenho peças para juntar por um bom tempo…Assim espero, porque tempo é o que não me falta e a cabeça está ocupada.

🍀


março 22, 2020

Quarentena - dia 9











Os dias sucedem-se e por vezes o calendário já se confunde nas nossas cabeças.
“Mas afinal que dia é hoje?” – ouço por aqui.
Só sei que já é o 9º dia de isolamento, número com forte energia espiritual. São os nove dias de orações das novenas e dos rituais para encaminhar as almas perdidas no caminho da luz. Nove pode ser o fim de um caminho mas também marca o ponto zero.
Nove é o último dígito simples. Já dizia Pitágoras que tudo no universo se mede em ciclos de 1 a 9. E o nove é o ponto mais alto e quem atinge esse nível está pronto para indicar o caminho aos outros…

Do nosso dia aqui por casa, hoje prefiro destacar as minhas ocupações culinárias, algo muito simples mas que serve perfeitamente para aproveitar várias sobras de legumes e com elas fazer uma salada de feijão. Eu prefiro cozer as leguminosas em casa e enlatados só para um momento de desenrasque ou então as famosas latinhas de atum, o que também fez parte desta refeição.
Costumo deixar o feijão (neste caso foi feijão frade), ou grão, de molho de véspera e na manhã seguinte deito fora essa água e junto uma nova onde irá cozer durante o tempo necessário. Juntei sal à cozedura, mas não em demasia para poder aproveitar esse líquido para fazer uma sopa.

A minha salada de feijão frade levou:
Feijão cozido.
Atum.
Cenoura e batata cozidas.
Um pedaço de couve-flor e um pequeno brócolo cozidos .
Pimento vermelho.
Salsa picada.
Azeitonas.
Pickles.
Azeite e umas gotas de vinagre de sidra.



🍀 

março 21, 2020

Quarentena - dia 8





Hoje foi o 1º dia de uma nova semana. A segunda semana em casa. E o segundo dia da Primavera.

A rotina mantém-se. Três em casa e dois a trabalhar. A reinventar comida com os ingredientes que foram sobrando. Mesmo assim, deu para fazer crepes e bolo de iogurte. Lá se foram os ovos. A reorganizar o canto “sujo” da casa, onde se tira a roupa e se deixa o calçado que vem da rua. Onde se desinfectam telemóveis que estiveram lá fora e são possíveis contaminadores. O marido, um comunicador nato e um homem de palco, cria o seu público a partir de casa com “directos” musicais. Abençoadas redes sociais! Cada um faz o que pode para manter a sanidade mental. Felizmente temo-nos uns aos outros. Confesso que não me incomoda nada estar em casa, já estava habituada, mas isto de ser uma obrigação, de saber que não se pode ir lá fora, mexe com o psicológico duma pessoa.

Hoje colocámos em prática uma ideia que tinha há muito. Fazer um compostor para os desperdícios alimentares. Assim, em vez de irem para o lixo, os restos são transformados em adubo para as plantas do quintal (ou pelo menos tentamos que seja). Já tínhamos um cantinho onde colocamos as folhas das árvores para “apodrecerem”, mas isto é outra coisa.



Usámos um vasilhame que aqui andava e o marido fez-lhe alguns furos com um prego quente, no fundo e à volta em baixo. Depois coloquei-o um pouco enterrado na terra, na esperança de que as minhocas que por ali andam se sintam convidadas a entrar. Li no drº Google que o compostor precisa de oxigénio no seu interior, então espero que os ditos furos também sirvam para o efeito. Levou uma camada de terra no fundo, depois os pedaços de verduras e cascas de ovos tudo cortado fino. Por cima uma camada de folhas secas (os castanhos) e por último mais uma camada de terra. Não custa tentar. 








🍀

março 20, 2020

Quarentena - dia 7





Hoje foi o primeiro dia da Primavera, a minha estação preferida e com ela veio a chuva mesmo a pedir para que se fique em casa. Lá fora a água cai, lava e leva tudo o que é ruim para fora das nossas vidas. Assim creio. A natureza é sábia e este dia que marca o início de um novo ciclo é um sinal de esperança.

Cá em casa, hoje, só o genro saiu para trabalhar. A menina da padaria teve folga. Cada um fez o que pôde para se manter ocupado. No r/chão encontrei o marido num intercâmbio musical com alguém do outro lado da tela do telemóvel. Na varanda do 1º andar a filha meditava ao som da chuva e de um vídeo gravado por uma conhecida e querida professora de Yoga. Subi ao sótão e assisti à filha mais nova a fazer uma aula de zumba de uma professora em directo.

Não, o mundo não está perdido. Ainda há esperança para a humanidade. Cada um através das redes sociais tenta chegar aos outros e dar um pouco de si. Todos separados, mas tão próximos. São dádivas feitas com o coração e o isolamento social torna-se menos duro. É desta vibração que a humanidade precisa. 


O serão prosseguiu com o marido, que é músico, a cantar em directo para um jornal online aqui da zona. Foi um momento bonito e animado e tenho a certeza que quem estava do outro lado, nas suas casas, se sentiu menos só.

🍀

março 19, 2020

Quarentena - dia 6





Resumo do dia:

Três em casa.
Dois a trabalhar.
Por aqui procrastinou-se, interiorizou-se… (houve quem meditasse) …
Produzir, pouco… (E os meus projectos à espera de vez e de mais inspiração pessoal) …

Dedico esta publicação de hoje aos nossos animais. Também eles fazem parte da família, da casa e seguem connosco neste barco e nesta viagem pela quarentena. As fotos são de hoje e aqui só falta a do Sebastião, o gatinho preto lindo que veio com a Diana e o João quando se mudaram aqui para o castelo. Provavelmente estava a dormir nos aposentos dos felinos porque não deu o ar da sua graça durante a sessão de fotos. E a Anita que já ganhou outro reino, que habitualmente partilha com a Bella. 

 
Lana e Bella
Milka e Joaninha
Joaninha
Mia

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Quarentena - dia 5

         

Hoje a Helena foi trabalhar, alguém tem de vender o pãozinho que tanto gostamos de ter às refeições. De nós cinco, neste momento, é a que está mais exposta. A Diana foi mandada para casa, até ordem em contrário. O Genro ainda foi trabalhar. Por enquanto.

Temo-nos organizado conforme podemos e sabemos. A Diana está encarregue das idas ao supermercado e hoje foi dia de o fazer. Somos cinco adultos a comer todos os dias e não fizemos “açambarcamento” de produtos. Aliás, confiamos que comida não há-de faltar e vamos comprando à medida das necessidades, tendo apenas uma pequena reserva para não sairmos todos os dias. Hoje fomos três a almoçar em casa e dei por mim a racionar a salada para dar para duas refeições. Na lista de compras não constavam itens para saladas e preferi só alimentos que vão ser cozinhados. Talvez numa próxima venham e os meta em água e vinagre, que também é um bom desinfectante.

Na entrada da casa temos a zona suja, onde se deixa o calçado que vem da rua, casacos e malas. Um resto de álcool (sempre fez parte da minha farmácia) e algodão para desinfectar telemóveis, ou o que for necessário. E sabão azul na casa de banho da entrada, onde se deixam roupas que vêm de fora e se muda constantemente as toalhas. Nunca a minha máquina de lavar trabalhou tanto! Nem quero pensar na conta da água no próximo mês…

Quando a Diana chegou com as compras houve todo um processo de desinfecção e retirada das embalagens exteriores, antes de acomodar tudo na despensa ou no frigorífico. Algumas embalagens ficaram na zona de quarentena, até passarem uns dias antes de lhes mexermos.

Chamem-nos loucos, mas mais vale prevenir do que remediar. Assim sentimo-nos mais tranquilos no nosso refúgio. Não conseguimos controlar tudo, mas fazemos o melhor que sabemos. Ontem tivemos o segundo infectado confirmado, pessoa muito próxima de familiares nossos. Dali podem vir outros casos, pelo que todo o cuidado é pouco.

🍀

março 17, 2020

Quarentena - dia 4





Hoje a minha querida filha Diana fez anos.

Não foi o melhor aniversário que já teve, mas foi o possível. O jantar fora entre família e amigos para comemorar ficou-se pelos cinco da casa, mas em casa. Hoje mais pareceu “as aventuras dos cinco”, como aquela série de livros que tanto sucesso fez em tempos.

Há associações engraçadas e aos anos dela, sempre associou gelatina de morango. Não é muito exigente, ou então a mãe foi demasiado repetitiva eheheheh. Hoje, arranjou-se um pacotito da de tutti-fruti na despensa, mas para compensar a falta da cor vermelha, teve direito a uns quartos de morangos por cima.

Por sorte, vivemos numa pequena cidade com campo à volta, pelo que nem é difícil fugir do contacto com outros humanos, se formos de carro. E foi o que fizemos hoje para a nossa menina ter um dia minimamente especial. Deu para desanuviar e gastar alguma energia. Ainda esfolei um joelho, mas isso é o menos importante.

No final do dia ainda ganhou um bolo de ló com cobertura de chocolate feito pelo namorado. Deliciámo-nos. 











É nas coisas simples que reside o segredo para a felicidade.

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