Dizem que
não há amor como o primeiro, mas não é bem assim. Eu apaixono-me por cada nova
casa que vamos ver. E não é uma paixoneta qualquer. É daquelas de tirar até o
sono. O primeiro amor, uma pequena vivenda anos 70/80, no alto de uma rua em
espaço aberto e amplo, deixou-me a sonhar com os possíveis jardins envolventes
que lá iria construir. Muita dança da chuva teríamos nós de fazer, porque ao
preço que está o metro da água e demais contas para terceiros e afins, só se
for um jardim de cactos no meio do deserto.
A segunda
paixão e que dura até ao dia de hoje, (tenho um coração grande, posso
apaixonar-me por vários amores ao mesmo tempo eheheheh), encheu-me as medidas,
os sentidos e a alma. A casinha (tem dois pisos, mas é uma casinha mesmo
assim), encostada à linha que nos separa do vizinho de trás. Um jardim (ou
vislumbre dele) à frente para nos receber e a quem passa. De um lado, uma
“floresta” de citrinos onde me imagino a percorrer caminhos feitos da cor de
tijolo e ladeados por malmequeres e flores de todas as cores. Do outro lado a
horta. Aquele rectângulo de terra que nos iria encher o prato (e mais à família
toda) e preencher as horas vagas e mais aquelas que queremos ter para ir
conhecer o mundo fora de portas. Se há mundo encantado, está ali, mesmo à mão
de semear e tão ao meu alcance (assim os deuses queiram e nos encaminhem nesse
sentido). Tem lá mais um apêndice (de terra) a querer obrigar-nos a ser
agricultores à força, mas isso agora também não interessa para nada.
(Para quem há uns tempos queria trocar a casa
por uma autocaravana para se fazer à estrada e ao mundo, agora só encontra pedaços
de terra enormes onde cravar e criar raízes bem fortes… E que eu pensava
difíceis de arrancar de onde estamos e vivemos as últimas 3 décadas, mas a
capacidade de sonhar é grande...)
E não é
que surge um terceiro amor, uma pequena e bonita vivenda, de construção
recente, rodeada de relva e sítios para flores, de onde posso ver quem passa,
mesmo como eu andava à procura. E ainda tem espaço suficiente para reunir a
família toda. E a horta. Essa, seja onde for, vai estar sempre lá à nossa
espera e das nossas árvores tropicais. Eu disse que não a ia ver com olhos de
apego. Não queria. Mas vi. E senti-me em casa, mesmo sendo a casa de alguém. Branca
e luminosa com tudo o que é preciso. Eu sei que ali íamos ser felizes.
Mas como o
número que mais me acompanha nos mais diversos acontecimentos é o 4, surge uma
quarta proposta que nos deixou a pensar. Não é nada do que eu queria (ou quase
nada), mas já me fez sonhar bastante. É um mundo fechado entre quatro muros (e
paredes), mas até que podia ser o meu mundo vendo bem as coisas de outro
ângulo. É a mais trabalhosa de início e uma carta fechada. Não foi uma paixão
assolapada à primeira vista, mas pode ser um amor forte e seguro para ir amando
a cada transformação.
As 4
fizeram o meu coração vibrar, e só espero que não apareça mais nenhuma porque a
continuar, a escolha torna-se cada vez mais difícil. Assim eu tivesse várias
vidas, tantas quantas as possibilidades que se nos apresentam. E ainda sobrava
uma vida para gastar numa casinha qualquer na rua de Óbidos. Naquela rua que eu
gosto tanto de calcorrear para um lado e para o outro. É a rua. A única.
💜
Ando a procura da minha casa, esta onde estou já não faz sentido.
ResponderEliminarMas qual o caminho a seguir ?...
Peço ao Universo um sinal...mas nada....o tempo passa e parece que as respostas não existem...mas eu sei que preciso ir, o quanto antes, mas para onde ?....